Fui contactado, recentemente, por Mário Jorge da Motta Bastos (professor de história na Universidade Federal Fluminense, no Brasil) sobre o seu livro O Poder nos Tempos da Peste (Portugal – séculos XIV-XVI). O livro divide-se em em duas partes (1. A Peste no Ocidente: o mal inscrito na longa duração; 2. O rei físico e a saúde no reino) e percorre vários aspetos relacionados com a pandemia de Yersinia Pestis em território português, as interpretações religiosas e culturais à doença, o discurso das autoridades, e a relação entre a peste e o poder régio.
Que pandemias afetaram os espaços urbanos portugueses durante a Idade Média? De que forma é que essas doenças se propagaram e que medidas foram adotadas pelas autoridades municipais? Que consequências sociais e políticas advieram desses surtos epidemiológicos?
A convidada de hoje é Amélia Aguiar Andrade, professora catedrática de história medieval na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigadora do Instituto de Estudos Medievais. É especialista em história urbana, económica e marítima, e irá falar-nos sobre “Os espaços urbanos portugueses medievais perante as pandemias”.
O que é a lepra, qual é a sua origem e que caraterísticas é que tem? Qual é a origem desta doença que, na década de 1980, ainda afetava mais de 5 milhões de pessoas todos os anos? De que forma era tratada e em que instituições? Qual foi o grande legado que o surto de lepra deixou na nossa sociedade?
Estas e outras questões são respondidas por Ana Rita Rocha (IEM, FCSH-NOVA), que é doutora em história pela Universidade de Coimbra e é, atualmente, investigadora no Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
De que forma é que a Peste Negra entrou no Reino de Granada, no século XIV? Que fontes é que temos ao nosso dispor para conhecermos a realidade de uma doença que afetou, indiscriminadamente, pessoas de todos os religiões?
Fernando Girón-Iruesta (Real Academia de Medicina y Cirugía de Andalucía Oriental) é professor jubilado de história da ciência. Formado em medicina, fez um doutoramento sobre La medicina práctica en la España árabe del siglo XII: El Kitab al-yami fi l-asriba wa-l-ma ayin de Abu Marwan Abd al-Malik b. Zuhr, (Avenzoar). Edición traducción y comentarios.
Fernando Girón-Irueste (Real Academia de Medicina y Cirugía de Andalucía Oriental)
Tendo o Reino de Granada sido um dos epicentros culturais da Península Ibérica durante a Idade Média, interessará perceber de que forma é que os seus intelectuais contribuíram para o conhecimento da doença e para as suas formas de tratamento: que recomendavam, por exemplo, fumigações feitas a partir de rosas ou a ingestão de vinagre.
Na era da Covid-19, os aviões tornaram-se no principal meio de transporte das pandemias a uma escala global. Essa função de disseminação das doenças contagiosas pertenceu, por muitos séculos, às embarcações que uniam os mares e atravessavam os oceanos.
Amândio Barros, professor na Escola Superior de Educação e investigador integrado do CITCEM, fala-nos nesta entrevista dessa realidade para o fim da Idade Média e início da Época Moderna. É uma entrevista que explora:
as formas de propagação das doenças através do mar;
as quarentenas obrigatórias;
as estratégias de prevenção e de mitigação das pandemias;
as instituições e os agentes envolvidos no controlo da doença;
e consequências económicas e sociais que advieram destas doenças.
Para além destas questões mais gerais, Amândio Barros focou numa série de pormenores interessantíssimos, tais como o desenvolvimento de sinalética marítima específica para identificar embarcações portadoras de doenças; métodos de comunicação internacionais para a prevenção de pandemias; e deu exemplo de cordões sanitários que a cidade do Porto impôs a Matosinhos, no passado, para evitar que certas doenças se propagassem.
Apesar de estarmos fechados em casa, somos constantemente alvo das notícias da pandemia global de Covid-19 através da televisão, dos jornais on-line e das redes sociais. A entrevista que hoje se publica neste blogue busca uma escala diferente, mais pequena, e uma realidade mais específica: Que efeitos teve a pandemia de Peste Negra nas colegiadas de Coimbra em meados do século XIV?
Para sabermos mais sobre este tema, entrevistei Maria Amélia Campos, investigadora do CHSC da Universidade de Coimbra, uma especialista em história religiosa para o período medieval.
Perante uma sociedade em que os templos religiosos se encontram fechados, esta entrevista procurará conhecer:
os relatos de Peste Negra entre os membros das colegiadas de Coimbra;
os efeitos locais e as consequências económicas;
as mudanças no quotidiano decorrentes da pandemia.
Durante a preparação da entrevista, Maria Amélia Campos enalteceu a importância das colegiadas de Coimbra do século XIV perante as pandemias afirmando que "Numa primeira aceção, Igreja significa Assembleia e a demonstração pública e coletiva da fé é uma das componentes fundamentais da vivência do Cristianismo. No decorrer desta pandemia que, em Itália, vitimou vários sacerdotes e que rapidamente levou o Vaticano a fechar as igrejas, interessa ver como é que outras epidemias afetaram as comunidades eclesiásticas e o seu serviço religioso, ao longo da História. Olhar para o caso das colegiadas de Coimbra, depois da Peste de 1348, serve para nos dar luzes sobre o impacto de uma doença altamente contagiosa na vida de uma cidade, especialmente, no quotidiano religioso de leigos e eclesiásticos."
Publicação de Maria Amélia Campos da Universidade de Coimbra
Ao longo da história, a humanidade tem sido assolada por várias pandemias com consequências devastadoras. Uma das mais conhecidas é a Peste Negra, que em meados do século XIV terá dizimado várias dezenas de milhões de pessoas por toda a Europa.
Peste NegraAcreditando que a Peste Negra era um castigo de Deus, algumas pessoas flagelaram-se de forma a expiar os seus pecados (Países Baixos, 1349)
O primeiro entrevistado desta série é André Silva, investigador do CITCEM e bolseiro de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Tem trabalhado sobre impacto e as consequências da Peste Negra em Portugal no século XIV e procurará, nesta entrevista, explicar:
as origens e especificidades da Peste Negra;
a sua forma de propagação;
as respostas das instituições aos surtos de doença;
as consequências sociais e económicas desta pandemia medieval.